quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

INTROVERSÃO E EXTROVERSÃO: QUAL É O SEU TIPO?

Carl Jung é um dos teóricos que eu mais aprecio com respeito ao estudo da psique e do comportamento humano.  Assim como Freud, ele assume o inconsciente como o avesso humano de onde emergem as questões mais significativas do comportamento. Porém, diferentemente de Freud, amplia a compreensão do inconsciente, de mero depósito de traumas infantis e fábrica de desejos, para uma porção da psique que envolve tanto a dimensão individual, quanto a coletiva.

É dele o conceito de compensação, ou seja, quando apresentemos no comportamento manifesto uma determinada atitude, o oposto dela permanece inconsciente. No que diz respeito aos tipos psicológicos - assunto que abordamos aqui - face e contra-face fazem parte de um mesmo eixo, sendo  a  face a parte dominante e consciente; e a contra-face, a parte recessiva inconsciente.

Nesse sentido, Jung fala de duas atitudes fundamentais que orientam o comportamento humano: uma dirigida ao objeto, outra dirigida ao sujeito. Quando a libido, ou seja, a energia da vida, é dirigida predominantemente para o objeto, o indivíduo é considerado extrovertido. Quando a mesma energia é predominantemente contida no sujeito, ele é considerado introvertido. Mas, todos, afirma Jung, "possuem ambos os mecanismos, tanto a extroversão, quanto a introversão. E somente a predominância de um, ou do outro, determina o tipo."

Jung apresenta as características das duas atitudes:


     Introversão

          Extroversão


  •        O processo psicológico subjetivo  é dominante
  • ·         Orientação intrarrelacional
  • ·         Desinteressado em eventos externos
  • ·         Recolhido, alheio ao contexto, não participativo
  • ·         Estresse quando em meio a muita gente
  • ·         Não dado a encontros sociais entusiastícos
  • ·         O que faz, faz a partir de si mesmo, com independência 
  • ·         Desconfiado, inseguro, ciumento, autoestima baixa
  • ·         Medo de parecer ridículo e de se expor  ao  julgamento publico.
  • ·         Sob condições normais tende a ser pessimista
  • ·         A comunhão com  self é seu conforto
  • ·         “Ele confronta o mundo com um elaborado sistema de defesa composto de escrúpulo, precaução, integridade, educação e desconfiança...” (Jung)
  • ·         “ Em qualquer sopa ele encontra um cabelo”
  • ·         Relações saudáveis com as pessoas somente quando se sente seguro, porque só assim relaxa seu sistema de defesa
  • ·         A  vida é vivida internamente no âmbito da psique.
  • ·         Caso esse “mundo interior” seja conflituoso, fecha-se ainda mais ao ponto de acentuado isolamento
  • ·         “Seu retiro para dentro de si mesmo não é uma renúncia à vida, mas uma busca por quietude,  somente de onde é possível dar sua contribuição à sociedade
  • ·         Frequentemente incompreendido pela pessoas, em função do mito de que somente as pessoas altamente “sociáveis” contribuem para a boa vida comunitária
    
     ·         O objeto tem valor mais alto que é sujeito
    ·         Orientação interrelacional
    ·         Desejo de influenciar e ser influencidado por eventos externos
    ·         Desejo de participação e envolvimento
    ·         Capacidade de tolerar e gostar de barulho e “acontecimentos”
    ·         Constante atenção ao que ocorre no entorno de si
    ·         Formação de vínculos com um grande número de pessoas sem muito critério de seleção
     ·         Tendência a falar muito e tentar ser o centro das atenções
     ·         Tendência a exagerar sobre suas qualidades e realizações
       ·         Consciência dependente da opinião pública
     ·         Convicções religiosas determinadas pelo que pensa a maioria
     ·         Otimismo e entusiasmo
     ·         Vida subjetiva inconsciente e pobre
      ·         Uma vez que não seja superficial, exageradamente falastrão e  inconveniente, pode ser um membro útil de uma comunidade.


Nesse ponto você já pode empiricamente verificar se sua atitude predominante é a extroversão ou a introversão. Todavia,  segundo Jung, a atitude manifesta não elimina a atitude latente, ou seja, as duas atitudes fazem parte do ser humano e, embora uma seja predominante, a outra fica no inconsciente. Por exemplo: um indivíduo predominantemente extrovertido pode momentaneamente atuar como introvertido, muito embora, se persiste assim por muito tempo, fica estressado, por não ser seu modo confortável de lidar com o ambiente.

Jung identifica quatro funções conscientes que acompanham a atitude-tipo: Pensamento, sentimento, sensação e intuição. A função sensação estabelece que alguma coisa existe; a função pensamento nos diz o que ela significa; A função sentimento, por sua vez, avalia o quanto a coisa vale, e a função intuição nos diz de onde a coisa veio e o que pode acontecer com ela.



Sensação e intuição são funções irracionais "porque ambas estão preocupadas apenas com o que acontece e com realidades reais ou potenciais."  Pensamento e sentimento, por sua vez, são funções discriminativas, portanto, racionais.

As quatro funções formam pares de opostos. Sensação e intuição não operam juntas. Intuição tem a ver com realidades escondias, potenciais; sensação é a função que lida e opera na realidade presente, preto no branco, no aqui e agora. Da mesma forma, a função pensamento é oposta à função sentimento, "porque o pensamento não pode ser influenciado e desviado de seu propósito pelo sentimento. O sentimento, por sua vez, é fortemente influenciado e viciado por muita reflexão.





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